O áudio na missa
Como montar um sistema de sonorização para uma missa ao ar livre
Acostumadas com a média de público reunida nas programações de que o Padre Marcelo Rossi participa, as equipes de som da TV Canção Nova, que promoveu o evento em dezembro do ano passado, na Canção Nova, em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo, e a equipe da J&C Caixas Acústicas não pouparam esforços para montar um sistema de sonorização que atendesse ao público esperado - cerca de 150 mil pessoas.
Consumindo 180 mil watts para a geração de energia, com um palco de 200 metros quadrados, utilizando 48 caixas no sistema principal e 16 caixas na torre de delay, o áudio foi projetado para atingir até 150 mil pessoas em uma área de 25.000m·, conforme garante Samuel “Formiga”, técnico da TV CN. Segundo Paulo César Fernandes, engenheiro responsável pelo sistema J&C e proprietário da empresa, o critério para a escolha dos equipamentos levou em conta principalmente o tamanho do local a ser sonorizado e a quantidade de público.
Com o P.A, definido, o próximo passo foi o processamento do sistema. O Set de equalização foi complementado com a série Techvox (TGE 2313x), da Ciclotron, divididos entre o P.A., palco e o áudio da televisão, e ainda com duas mesas de som. Um dos aspectos mais vantajosos nesses equipamentos, Segundo Samuel Formiga , é a excelente relação de sinal-ruído.
Ele revela ainda que todo o áudio foi composto apenas por equipamentos nacionais, o que é um fato inédito no áudio destinado para televisão, na Canção Nova (TVCN). "Isso é uma coisa nova que eu estou implantando na TVCN, uma qualidade de áudio televisivo formada apenas por equipamentos nacionais", comenta.
Paulo César acrescenta que a utilização de equipamentos nacionais é uma espécie de filosofia da J&C e agora da TVCN. "Eles têm a mesma qualidade do importado, com a vantagem de um custo muito mais acessível e a manutenção que está aqui no Brasil mesmo, sempre disponível. Nossa prioridade é o equipamento nacional. Eles atendem de igual para igual. Estão sendo produzidos com qualidade.
A distribuição das caixas começou com a análise do terreno, que tem aproximadamente 25 mil metros quadrados e com o levantamento da disponibilidade de geração de energia
PERIFÉRICOS:
8 Eq. Ciclotron Techvox TGE 2313 X
4 Compressores DBX 266
3 Compressores Behringer 2400pro
1 Compressor DBX 166
1 Multicom Behringer MDX 4400
2 Gates DOD 1200
1 Efeito MidiVerb 4
1 Console Ciclotron Techvox CMC 40-08 XLS
EDIÇÃO DE ÁUDIO PARA TV:
1 Mesa Ciclotron Techvox CMC 40 XLS
2 Monitores One Alesis
1 Amplificador Ciclotron Techvox Tip 1500
1 Ultra Curve DSP 8000
2 Aural Exciter Aphex 104 C
1 PreSonus ACP 88
1 Efeito MidiVerb 4
1 Efeito MicroVerb 4
1 Multicom Behringer MDX4400
"A energia elétrica do local foi um dos principais fatores. Pois se não tivermos uma energia compatível ao sistema que vai ser instalado, não vamos ter o rendimento que pensamos", comenta Paulo César. A divisão do P-A foi feita em 12 colunas, com 24 caixas por lado. Sendo 12 caixas de três vias, 12 Sub Woofers e uma torre de delay, que foi posiciona da a 53 metros do palco, com um retardo de cerca de 0,19 milisegundos, o que gerou uma definição igual a 40 metros do P.A. A house mix ficou a 40 metros do P.A. o que, segundo Samuel, não foi ideal mas foi necessário em virtude das filmagens feitas de cima da house.
Pelo fato do evento ter sido realizado em uma colina, o continuo vento no local exigiu um cuidado redobrado para alinhar o sistema. Além da captação do vento pelo microfone, há também a perda de qrave. “Quanto mais venta, mais pressão temos que aplicar no P-A.
E como ele tem cerca de 10 metros de altura, na hora que venta muito perde um pouco da pressão sonora, complicando um pouco. Tentamos controlar os efeitos do vento dentro de um certo limite, sem sacrificar o equipamento, e ao mesmo tempo não deixando faltar o som”, explica Paulo César.
Samuel Formiga diz que utiliza três critérios para sonorizar esse tipo de evento: palestra – onde a som do oficiante fica nivelado ao das bandas: missa - a voz do padre recebe um cuidado especial e a música fica 50% mais baixa; e show – que é dado maior destaque nos efeitos dos instrumentos. Na definição de Paulo César, o que eles buscam é qualidade e não pressão sonora. “Neste caso, não é um show de rock. O teclado tem que ser bem definido, o violão e a voz. Principalmente a voz”.
Para compor o sistema de edição de Áudio para transmissão televisiva, entre outros equipamentos foram usados uma mesa Ciclotron CMC 40 XLS,compressores DBX 166 e 266,compressor Alesis 3630, um multigate da PreSonus usado na bateria, um Midi Verb 4, também usado na bateria, porém, mais voltado para os efeitos da caixa e tons, entre outros equipamentos.
A pesar da TVCN ter equipamento próprio, a utilização da mesa e periféricos, também para o áudio que foi transmitido para o canal de TV, fez com que todo o sistema ficasse em um mesmo padrão, conforme garante Emerson Câmara, responsável pelo áudio gerado para o canal da TVCN. “Para equalizar a voz os técnicos preferem não utilizar muitos equipamentos, a fim de melhorar a relação sinal-ruído. Eles utilizam apenas compressão e garantem que a mesa produz o suficiente para a voz. “Eu não quero criar o som, e sim amplia-lo”, afirma. Na microfonação do palco foram usados para a bateria um kit Sennheiser E604 e para os demais, Shure SM58.
Durante a sound check Samuel diz que foram testados rack por rack, todo o sistema de edição de áudio para a TV com envio de sinais do palco, para somente, por último, os testes com o P.A. Todo o sistema também foi equipado com geradores independentes, que também foram testados. No caso da energia do palco cair, por exemplo, o P.A. continuaria com total autonomia.
Fonte: Revista Backstage